A Religião como Instrumento de Dominação
Jocax, Novembro/2004


Marx já dizia: "A religião é o ópio do povo" e, na verdade, é muito mais do que isso.

A religião é o mais sutil e perverso instrumento de dominação das elites para manter as massas alienadas, tolerantes e permeáveis às injustiças que lhes são imputadas.

A lógica destes memeplexos (complexos meméticos) religiosos reside na crença de que existe um Deus bom e todo-poderoso que, cedo ou tarde, fará a justiça, levando os pobres, os indefesos, os injustiçados ao prêmio máximo possível : A vida eterna no paraíso! E, os que os oprimem, à pena máxima: o inferno. Um local de sofrimento máximo e eterno.

A alienação surge como subproduto direto da lógica religiosa: Se Deus fará justiça de qualquer modo, para que deveremos nos preocupar com ela neste mundo? Este mundo não representa nada perante a eternidade que nos aguarda.

Para a elite dominante é extremamente conveniente manter as massas politicamente inertes, numa eterna espera do seu paraíso ilusório. Assim, mantendo o povo manso, oprimido e passivo, podem manter a distribuição de renda no nível que melhor lhes convém: O de proporcionar, sem riscos, lucro máximo a um custo mínimo.

Dentro deste sistema ardiloso, é impressionante a eficácia com que a mídia, tradicional aliada da elite, colabora para a manutenção desta infecção memética na mente da sociedade. Por exemplo, num noticiário da TV sobre o recente maremoto ocorrido na Ásia, escolheu-se uma mãe que tinha perdido a filha e um neto, lá, ela, uma das mais prejudicadas no episódio dizia: "Eu agradeço a Deus por ter poupado minha neta" (!?!) Inacreditável! E se ela tivesse perdido os dois netos? Por certo ela então agradeceria ao mesmo Deus por ter-lhe, ao menos, poupado sua própria vida; de modo que, qualquer que tivesse sido a amplitude da tragédia, a mídia sempre acharia um elemento infectado que agradecesse a Deus por alguma coisa que não tivesse sido envolvida na calamidade, nem que fosse seu gato de estimação.

Uma revolta popular, clamando por mais justiça ou direitos, é tudo que a elite mais teme. Deve-se evitar isso a qualquer custo. Fazer com que a população pense que suas mazelas decorram de um plano secreto e bem orquestrado pelo "bom" Deus que, obviamente sabe o que faz, e que planejam o melhor para eles, mesmo que não seja nesta vida, e às custas de muito sofrimento, é o melhor antídoto contra uma revolta popular.

O que aconteceria se todos soubessem que a única chance de se ser feliz tivesse que estar neste mundo e que se não obtivessem felicidade aqui então nunca mais a obteriam? Por certo não teríamos o mesmo nível de tolerância e alienação que temos hoje. Haveria mais empenho na luta pela felicidade aqui mesmo, na Terra, não se permitiria um desnível sócio-econômico tão perverso quanto o que temos; Se saberia que dinheiro roubado pelos corruptos poderia , e deveria, ser revertido em prol de suas felicidade e, os que roubaram jamais iriam pagar por seus crimes no juízo final ! Se o dinheiro não fosse recuperado, eles - os ladrões e corruptos – seriam recompensados e teriam o paraíso aqui mesmo na Terra, às nossas custas. Claro, tudo isso deveria levar a leis mais severas e, principalmente, uma menor tolerância frente à corrupção desenfreada que hoje amarguramos: Se não pagassem pelos seus crimes aqui, não pagariam jamais.

Assim, o ateísmo é mais que uma filosofia de vida é também uma forma de luta por mais justiça e menos desigualdade social. Um dos papéis da boa política, para um ateu, deveria ser o de banir estes memes religiosos alienantes, não só da própria política, mas também da face da Terra.

 




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